MEETUP: Madeira Engenheirada

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Em 05/09/23 aconteceu em Belo Horizonte o evento técnico organizado e promovido pela AsBEA-MG – Associação dos Escritórios de Arquitetura de Minas Gerais.

O MEETUP: Madeira Engenheirada, teve apoio da Câmara do Mercado Imobiliário e o Sindicato de Habitação – CMI/Secovi-MG (@cmi-secovimg), e patrocínio das empresas Massiva Timber Fab (@massivamlc) e SDM Madeiras (@sdm.madeiras).

O evento convergiu seus objetivos às proposições e ações da AsBEA-MG, promovendo a qualificação e discussão técnica e a integração de profissionais, aspectos relevantes para a valorização da Arquitetura, e teve a apresentação de duas palestras:

  • Pedro Incer, Noah Wood Building Design (@noahtechbrasil)
  • Bruno Campos, BCMF Arquitetos (@bcmfarquitetos)

 

Aberto ao público, formado por arquitetos e engenheiros, estudantes, fornecedores, especificadores e todos aqueles com interesse voltado para a cadeia de produção arquitetônica e construção civil, a abordagem do tema Madeira Engenheirada auxiliou na compreensão das novas tendências e técnicas construtivas do mercado, sua aplicabilidade e a caracterização dos sistemas.

No Brasil as atividades extrativas de madeira devem seguir as condições dispostas em leis ambientais, criadas para evitar o desmatamento e a extração predatória da madeira em matas nativas. A regularização é realizada antes mesmo do plantio da floresta, que para as atividades extrativas, só pode ser realizado em áreas identificadas como “áreas agriculturáveis”. Todo o processo de regularização das atividades que tem a madeira como produto e subproduto é gerido pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. A madeira legalizada é aquela extraída dentro das exigências legais do país, podendo ser comercializada mediante licença ambiental. Adicionalmente, tem-se as certificações de procedência da madeira, tais como FSC – Forest Stewardship Council, Certflor – Programa Brasileiro de Certificação Florestal, dentre outras, que asseguram que essas tiveram origem em florestas manejadas adequadamente, atendendo aos princípios ambientais, sociais e econômicos.

A Madeira Engenheirada é um termo utilizado para definir o uso da madeira beneficiada, usinada e transformada através de processos de engenharia e pré-fabricadas. O beneficiamento e usinagem inclui, dentre outros, a seleção das espécies e toras, a remoção de trechos com nós, trincas e rachaduras e o alinhamento das fibras para a transformação em tábuas, lâminas ou partículas menores.  Após os processos de transformação, a Madeira Engenheirada pode ser classificada em vigas, pilares e painéis estruturais, esses últimos utilizados para construção de lajes e divisórias verticais. Os agentes envolvidos na cadeia de produção arquitetônica e construção civil devem compreender os termos utilizados nas classificações dos produtos da Madeira Engenheirada: MCL, LVL e MLCC.

GLULAM – Glue Laminated Timber ou Madeira Laminada Colada – MLC, que resulta na união de tábuas ou lâminas para formar uma única unidade estrutural, tais como vigas e pilares, podendo ser esses retos ou curvos.

Fonte: https://www.archdaily.com/928387/what-is-glued-laminated-wood-glulam

 

LVLLaminated Venner Lumber ou Madeira Microlaminada ou Madeira Folheada Laminada (laminado de lâminas paralelas) que resulta na colagem de vários folheados de madeira de pequena espessura, camada por camada para formar uma unidade estrutural, tais como vigas e pilares. A LVL foi desenvolvida para melhorar o aproveitamento de madeiras de espécies de menor porte e que não são indicadas para utilização em forma serrada sólida.

Fonte: https://theconstructor.org/building/building-material/laminated-veneer-lumber-construction-material/563661/

 

CLTCross Laminated Timber ou Madeira Laminada Colada Cruzada – MLCC, que resulta na união de tábuas em camadas perpendiculares para a formação de placas para superfícies tais como paredes, divisórias e lajes.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/922665/a-madeira-laminada-cruzada-clt-e-o-concreto-do-futuro

A tendência de governança ambiental, social e corporativa, integra a participação de investidores e líderes do setor de construção civil no Brasil. A ESG- Environmental, social, and corporate governance é uma abordagem que avalia a responsabilidade e o comprometimento de uma instituição com o mercado em que atua, frente aos desafios da sociedade contemporânea. E dessa forma, seus princípios estruturam-se sobre a prática sustentável em todos os processos, a preservação da biodiversidade, a eficiência energética, as metas de redução de gases de efeito estufa, as práticas transparentes, dentre outros.

A aplicação da Madeira Engenheirada em edificações é uma forte tendência não só no mercado internacional, mas também no Brasil. A alavancagem da aplicação desse sistema é o alinhamento dos conceitos dos projetos de Arquitetura e Estrutura aos espectros da ESG. A aplicação desse sistema está amplamente associada à madeira de reflorestamento, que não requer desmatamento de espécies em matas nativas. Algumas das vantagens adicionais desse sistema é a promoção da remoção ou sequestro de CO2 da atmosfera, contribuindo para a redução da concentração de gases de efeito estufa, a eliminação de resíduos na obra uma vez que é um produto 100% pré-fabricado, e a redução do tempo de obra. A aplicação do sistema nos projetos requer a incorporação de análises sistemáticas de precisão, modulação, logística e transporte, bem como planejamento de ações de preservação e manutenção.

No Brasil, as normas de regulamentação de projetos em madeira são a ABNT NBR 7190/2022 e ABNT NBR 16143/2013. A ABNT NBR 7190/2022 (Partes 1 a 7) – Projeto de estruturas de madeira, trata de critérios de dimensionamento e métodos de ensaio. A Parte 1, apresenta, dentre outros, definições, especificações de espécies, densidades e resistência para os tipos de madeira: madeira serrada, madeira roliça, madeira lamelada/laminada colada – MLC, madeira folheada laminada colada – LVL, e a madeira lamelada/laminada colada cruzada – MLCC.  As Partes 6 e 7 tratam de métodos de ensaio para caracterização de madeira lamelada/laminada colada cruzada estrutural. Já a norma ABNT NBR 16143/2013 trata dos requisitos de Preservação de madeiras – Sistema de categorias de uso, que devem ser aplicados nas peças para tratamento preservativo contra insetos xilófagos durante o processo de produção. Adicionalmente, os projetos elaborados no sistema de Madeira Engenheirada devem seguir todas as recomendações do Corpo de Bombeiros em relação ao Tempo Requerido de Resistência ao Fogo – TRFF, ao controle de propagação de chamas por meio de aplicação de produtos retardantes, bem como os fundamentos de compartimentação espacial para o controle de propagação de fumaça.

O evento trouxe um ambiente propício para aprendizagem e esclarecimentos sobre o tema. As palestras apresentaram casos de edificações que utilizaram o sistema de Madeira Engenheirada, desde obras residenciais unifamiliares, até residenciais multifamiliares, hotéis e edifícios comerciais. Nos casos apresentados pôde-se visualizar edificações com uso de sistemas estruturais autoportantes em Madeira Engenheirada, alguns exemplos que utilizaram sistemas mistos (estruturas de concreto com painéis de madeira), detalhes de conexões entre vigas e pilares, sistemas de encaixes, os tipos variados de conexões, o processo de usinagem da madeira, dentre outros.

Fonte: Noah – Wood Building Design

 

Aspectos como rigidez, estanqueidade, tratamentos, manutenção, integração com outros sistemas como fundações, esquadrias e revestimentos, elaboração conceitual, compatibilizações com as instalações foram abordados no evento. Tudo isso em um ambiente completamente favorável à qualificação e discussão técnica, que incluiu um delicioso coffe-break e networking entre profissionais, palestrantes e patrocinadores.

Para quem conseguiu participar, agora é seguir alavancando os projetos. Para quem não pôde participar, recomendo ficar atento à programação e participar dos próximos meetups e eventos a serem promovidos pela AsBEA-MG.

 

Autoria:

Karla Jorge Abrahão, Sc.D., Sc.M.Arquiteta e Urbanista, LEED AP BD+C

Diretora Fundadora Aktiz Arquitetura. karla@aktiz.com.br

AsBEA-MG – VP Comunicação – Biênio 2022-2023

 

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